30.12.03

Não há pachorra

Ontem demorei 1h45m a chegar a casa. Leia-se: uma hora e quarenta e cinco minutos. Desse tempo, cerca de 4/5 foram só para conseguir passar a ponte 25 de Abril. Aliás, foi ao volante no interminável pára-arranca que comecei a escrever este post, com a ajuda dos meus velhos mas não esquecidos amigos, papel e caneta. Não há pachorra, é o que vos tenho a dizer. É nestes dias que me arrependo amargamente de ter vindo morar para a margem sul. Mas onde é que eu estava com a cabeça quando pensei, e concretizei, esse passo agora maldito?

Mas não era suposto estar toda a gente de férias? Não era suposto não haver trânsito? Era. E até é. O problema são os imbecis que resolvem ter acidentes nos acessos, no tabuleiro ou na saída da ponte e conseguem a proeza maior ainda, de o fazer à hora de ponta. Conheço alguém que diz que deviam ser multados ainda por cima. E deviam mesmo. Atrasam a vida a milhares de pessoas que não têm culpa nenhuma (moi même que em mais de 10 anos de carta nunca tive um único acidente mas já sofri inúmeras vezes em filas intermináveis por causa das distrações e estupidezes dos outros).

Depois há os imbecis maiores ainda que ao passar por um acidente abrandam quase até aos 0 à hora na esperança de conseguir alcançar a visão de uma manchinha só de sangue que seja e é ver as cabecinhas todas dentro de cada carro, quanto mais forem mais se viram, a olhar na direcção da chapa batida que felizmente na maioria das vezes, não passa disso mesmo. E mais raiva me dá a mim que não tenho acidentes, não abrando para ver o sangue dos outros e só quero é chegar a casa dentro dos timings normais.

Estão a ver o "Falling Down" em que o Michael Douglas sai do carro no meio de um engarrafamento e o larga ali mesmo e desata aos tiros a quem encontra pelo caminho? Foi isso que me apeteceu fazer ontem (excepto a parte dos tiros bem entendido). É que me apeteceu mesmo. Foi o pior dia de "passagem de ponte" que apanhei desde que tive a bendita ideia de vir morar na Margem Sul do Tejo. Mas como a vida não é um filme, consegui manter a pontinha de sanidade que faltou ao Michael Douglas e mantive-me dentro do carro a suspirar e a fazer cara de poucos amigos como todos os condutores nas viaturas do lado.

Um dia conto-vos as vantagens de morar na margem sul mas hoje, sinceramente, não me apetece muito!