7.4.05

Socorro, estou apaixonada

A maneira como agarra a minha mão e me faz festinhas com aqueles dedos mínimos gorduchos enquanto lhe dou o biberon, os sorrisos com que me presenteia a toda a hora, como quem diz "Gosto de ti mamã, onrigada por me tratares bem", a simpatia que dispensa a todas as pessoas que falam com ela, os rrrrr e arrrreeee e uis e ais que solta insistentemente durante todo o dia, a maneira como encosta o nariz à cabeceira do berço para se aninhar quando quer dormir, a boquinha e os olhinhos que mexem quando está a sonhar, as perninhas que nunca páram quietas quando lhe estou a mudar a fralda, em sinal de profunda satisfação pelo momento, as gargalhadas que solta quando dá conta que tem bonecos por cima da cabeça, a forma como agarra o coelho de música como se estivesse a andar de autocarro, o olhar atento e observador a tudo o que a rodeia, a maneira como cruza a perna quando está deitada na espreguiçadeira, os bocejos contagiantes quando chega a hora de dormir, as mãozinhas que esfregam os olhos na mesma altura, o olhar por vezes sério e compenetrado que a faz parecer muito mais velha que um bebé de 3 meses, e podia ficar aqui eternamente.

Já não tenho medo de não ser uma boa mãe porque acho que o estou a ser, nem tenho medo de não dar conta do recado porque acho que estou a dar. Mas com todas estas coisas novas que ela faz todos os dias, não me apetece nada deixar de estar 24 horas do dia com ela e deixar de acompanhar em primeria mão tudo o que aquela cabecinha careca se lembra de começar a fazer. E chateia-me só de pensar que pode ser outra pessoa, um estranho qualquer a presenciar a primeira vez que a minha filha fizer uma gracinha qualquer. Hum, porque é que ela não pode ir comigo quando for trabalhar? Ela porta-se tão bem...