8.7.04

Um dia típico é:

- fazer muitos telefonemas e de preferência nenhum que seja relacionado com trabalho, ou propositadamente com voz muito baixa ou propositadamente com voz muito alta e estridente;

- folhear muitas revistas, de preferência quanto mais brega melhor e ler atentamente todos os resumos das telenovelas para poder falar de cor sobre todas as tricas que acontecem às personagens sempre que o assunto vem à baila;

- criticar e dizer mal de toda a gente não só de quem conhece pessoalmente como de quem não conhece e que nunca tenha feito mal nenhum, como de grupos específicos de pessoas apenas porque pertencem a uma determinada empresa ou porque têm um determinado nome com o qual embirra por motivos obscuros;

- repetir sempre as mesmas piadas usadas e gastas e, condequentemente sem piada nenhuma na expectativa de que toda a gente se ria como (não) fizeram da primeira vez;

- cuscuvilhar muito e tentar sempre fazer-se amiga de terceiros que entenda como fulcrais com o objectivo de obter informações que possam vir a ser úteis, só em proveito próprio, claro;

- meter-se nas conversas onde não é chamada apenas porque não gosta de se sentir de fora e desistir quando perceber que o assunto afinal não lhe é interessante nem pode trazer nenhum benefício pessoal e além do mais é demasiado erudito para a parca inteligência;

- comer sempre à mesma hora e acompanhada sempre da mesma frase batida e querer forçar quase toda a gente a fazer o mesmo;

- conseguir não fazer rigorosamente nada o dia inteiro excepto 5 carimbos e atender 3 telefonemas;

- passar o dia a olhar para o ar com ar enfadado mas mesmo assim não ter iniciativa para fazer nada que precise ser feito de modo a fazer o tempo passar mais depressa como qualquer pessoa normal faria;

- tentar sempre dividir com alguém o (pouco) trabalho que tem de forma a parecer que não é sua responsabilidade desempenhar as tarefas administrativas para as quais foi contratada e assim fingir que as outras pessoas que não foram contratadas para desempenhar as SUAS tarefas administrativas também são suas semelhantes e assim não se sentir diminuída;

- guinchar sempre e em todas as ocasiões e quanto mais estridente melhor apenas porque não o sabe fazer de outra maneira;

- amuar repentinamente sem motivo aparente apenas porque não lhe dão a atenção que acha que merece e quando repara que efectivamente se desenrolam conversas sem a sua presença, o que odeia que aconteça;

- reclamar com o trabalho, a empresa, as condições, os patrões, os colegas, o que ganha, (o que até é muito para o que faz), tudo o que lhe vier à cabeça apenas porque gosta de dizer mal;

- demonstrar em todas as circunstâncias uma nítida inveja e ciúmes de toda a gente que a rodeia por toda a gente que a rodeia ser nitidamente muito mais feliz que ela;

- insistir em dar palpites sobre todos os assuntos e principalmente sobre aqueles dos quais não percebe patavina porque acha que tem sempre de manifestar-se e de dar opinião ainda que normalmente seja comprovadamente a maior alarvidade da história;

- fazer comentários idiotas e completamente descabidos acerca da própria pessoa quando o comportamento no dia-a-dia contradiz totalmente aquilo que afirma para toda a gente ouvir;

- repetir sempre o que ouve outra pessoa dizer, imediatamente a seguir como se fosse o eco ou a sua voz tivesse de ser a última sempre a ser ouvida;

- ser completamente inconveniente em todas as circunstâncias, seja com os seus "pares" seja à frente de superiores;

- mentir sempre com quantos dentes tem na boca para salvar a própria pele independentemente de que isso signifique pôr em cheque todas as pessoas que consigo trabalham;

- barafustar sempre primeiro e só pensar racionalmente depois, sempre que alguma tarefa lhe é pedida, e depois efectuá-la, na maioria das vezes, com má cara;

- fazer repetidas ameaças de morte, de partir pernas, de enxertos de porrada, de esperas. A quem? Nunca se percebe bem.

- bufar, bufar, bufar, bufar, bufar...