Decisões, decisões, decisões
Sexta-feira fui para casa a pensar, matutar e reflectir. Esta menina tem o condão de me pôr a pensar sobre muita coisa. Obrigada, a sério, dás-me sempre assunto para ocupar a mente nas filas de trânsito.
E aquilo em que fui para casa a pensar foi que desde que os filhos nascem... Desde que nascem? Bolas, muito antes de nascerem, somos assolados com uma série de decisões que temos de tomar. São umas atrás das outras, escolhas e decisões, decisões e escolhas que não vão parar nunca a vida toda.
Bem, a primeira começa logo em ter ou não ter filhos. Queremos ficar sem a nossa liberdade ou queremos aumentar a família porque já não estamos a caminhar para novos? E a ter, quando ter? E ter agora ou esperar mais um bocado? Mas esperar mais um bocado para quê? Se for à espera do euromilhões, já não havia crianças. Deixo de tomar a pílula este mês ou deixo só no próximo? Faço as contas e naquela altura não dá muito jeito, é melhor ser noutra (a primeira decisão saiu logo furada, ela nasceu precisamente na única altura do ano que eu não queria mas pensando bem acho que até foi melhor assim, esta é a melhor altura para ela ter os meses que tem.)
Olha, não estava nada à espera este mês mas deu positivo! E agora. Será rapaz ou rapariga? Isso não temos de decidir, já está decidido por nós. Mas e os nomes? Temos que decidir. Decidir o primeiro e decidir os outros. Bah, isso pode esperar para mais tarde. (Ambos foram decisões demoradas e complicadas. Não sei se a melhor se não mas agora já está. E é para toda a vida.)
E a ecografia, temos de ir fazer, e onde, bem, isso decidiu a médica que já estava decidida antes do projecto ser projecto. Boa, pelo menos é menos uma decisão a tomar. Pelo menos só temos que decidir o dia em que lá vamos. No dia da final da Liga dos Campeões? Sim, disse eu ainda meio nas nuvens... mas pensando bem NÃO, nem pensar, eu quero ver esse jogo, a criança pode esperar mais um dia (E o Porto ganhou e foi campeão europeu!).
E o carro, precisamos de um carrinho. Com 4 rodas ou 3 rodas? Os de 4 cabem melhor em qualquer carro. Os de 3 são bem mais confortáveis para os bebés mas não, nem pensar, é um monstro, nunca o vou conseguir enfiar no carro. Quero um pequeno, fácil de fechar e caber em todo o lado. São giros, e "estilosos" mas não dão jeito nenhum. Mas já agora, vamos experimentar, pagamos o mesmo. "Conduzimos" uns e outros. Afinal o de 3 cabia na mala do meu carro e havia de caber também na do pai, era bem mais fácil de manobrar. Mudei de ideias num ápice. Comprámos de 3. “Bué da” giro mas também “bué da” grande. Oferta dos avós maternos.
E a preparação para o parto? Se calhar convém ir fazer, não sei se ajuda muito mas pelo menos sempre me distraio com outras pessoas na mesma situação e já que tenho direito a sair mais cedo do trabalho por causa disso, olha aproveito para ir aprender umas coisas já que aprender nunca é de mais (há quem ache que é mas eu acho que não!). Feira dos bebés e mamãs na FIL (má decisão a menos que vos ofereçam convites, não tem nada de jeito para ver) e caiu do céu, olha, esta é mesmo ao lado de casa, nem procuro mais, é já aqui que me vou inscrever.
E agora precisamos de uma cama. Ou de um berço. Ou de uma alcofa. Sim, porque já ninguém põe os bebés em gavetas para dormir, pois não? Cama de grades é muito grande, não cabe no quarto dos pais. Tem de ser uma coisa mais pequena. Alcofa é pequena demais. Não me apetece gastar dinheiro numa coisa que dura dois meses e onde a criança não se consegue mexer, parece que está num caixãozinho. Berço parece-me o melhor, de preferência que dê para abanar e para estar fixo também que é para a criança não se habituar a estar sempre a ser abanada. Berço, está decidido, exactamente o oposto do primeiro que tínhamos pensado comprar. Escolhido por nós e oferta da avó paterna.
Esterilizador, também vamos precisar de esterilizar os biberões. Eléctrico, de micro-ondas, a frio? O que é que dá menos trabalho, é mais rápido e ocupa menos espaço e oh, que chatice, ainda por cima é mais barato? De micro-ondas, então de micro-ondas it is. (esta foi muito fácil).
Então e o hospital? Hospital privado ou hospital público? No público a assistência médica é melhor, não se paga um tostão, os equipamentos que eventualmente venham a ser necessários estão disponíveis, não corro o risco de ser recambiada de ambulância para outro se alguma coisa der para o torto. Por outro lado tenho de partilhar o quarto com não sei quantas pessoas que não conheço de lado nenhum, ouvem-se histórias terríveis de enfermeiras que não nos ligam nenhuma e se me deixam para lá sozinha e abandonada. O que decidir? Sou bicho-do-mato mas tenho boa resistência à dor. Além de que me irrita solenemente ter de pagar para ter um filho com tanto que já me levam no IRS. Não, comigo não vão ganhar nada, é público e mais nada. E hei-de usar tudo a que tenho direito. Não me arrependo minimamente. Também escolhi um dos públicos com mais e melhor fama de maternidade que por sorte é o da minha área de residência, preterindo um parto com a minha própria médica. Não teria sido mais bem tratada se estivesse num hotel-hospital, tenho a certeza. (bem, excepto uma certa auxiliar mal disposta, talvez). E quanto à parte do abandono, I wish... era medir a tensão de 4 em 4 horas se não menos e verificar se estava tudo bem e uma enfermeira simpatiquérrima a vir perguntar se eu queria que ficasse com o bebé de noite para eu dormir (não sei o teu nome mas adoro-te!), falta de acompanhamento foi coisa que nunca tive. Bendito HGO! Até das urgências só posso dizer bem, não sei como são as outras mas a de Obstetrícia funciona lindamente.
Hum, é uma menina, e agora, temos montes de roupas azuis e neutras, se calhar é melhor comprar algumas cor-de-rosa. Grandes ou pequenas? Bodies de enfiar pela cabeça ou de traçar? Mais quentes ou menos quentes? É Inverno mas no hospital está sempre calor. O ecografista diz que tens o fémur grande, deves vir a ser alta. Mas ao mesmo tempo não vais nascer nenhum pote certamente, nenhum dos pais é pote. Também não deves ser muito pequena porque nós também não somos propriamente pequenos. E já que é menina, convém decidir o nome. Ora gaita, porque é que não és menino? Assim já estava decidido, agora vai demorar mais tempo. Bolas, mais uma decisão para tomar.
Olha agora congelam-se as células do cordão umbilical para poderem ser usadas mais tarde se tiveres alguma doença. Doença? Não quero pensar nisso mas e se acontecer e eu pudesse ter feito alguma coisa para evitar. Vou arrepender-me de ter tido essa possibilidade e de não a ter aproveitado. Mas células congeladas na Bélgica? E se alguém se lembra de começar a fazer umas quantas Filipas por aí? E se daqui a uns anos tu te cruzas com uma igual a ti, vais achar que te separei da tua gémea à nascença. Ok. Ando a ver muitos filmes. O ideal é que isto seja dinheiro jogado ao lixo e que nunca tenhas nenhuma doença. Mas se tiveres, pode ser que assim te cures. Olha, o melhor é mandar vir o tal do kit e não pensar mais nisso. Mais uma prenda dos avós maternos.
E quando acabar a licença da mãe, onde é que vais ficar? Os pais têm de ir trabalhar e não podem ficar contigo. Colégio parece ser a única opção lógica e possível. Avós nem pensar mesmo que pudesse ser. Mimos a mais fazem mal. Eu até posso encher-te de beijos o dia inteiro se me apetecer (e encho) mas isso sou eu que sou mãe! Colos a mais fazem mal, depois quem não dorme sou eu. Empregadas em casa, nem pensar. Já lá vai o tempo. Sim, eu até posso ter sido criada meio assim mas foi há 30 anos. Os tempos eram completamente diferentes e os avós não trabalhavam. Amas não conheço nenhuma, logo não confio em nenhuma. Só se ouvem histórias tristes com amas e não me apetece ter de andar a pôr câmaras para filmar uma pessoa a bater na minha filha. Aliás, a única pessoa em quem confio para além de mim mesma é em pessoas especializadas para tal função. As casas são um perigo, a começar pelas nossas, não estarás melhor num sítio preparado para ti, com meninos da tua idade, para que possas aprender desde cedo a conviver e partilhar e que se estimulem mutuamente, com educadoras que não fazem mais nada o dia inteiro a não ser tratar de ti (e não têm de fazer almoço e jantar nem limpar a casa, nem lavar roupa nem passar a ferro?). Parece-me que sim. Mas vais ser tão pequenina ainda, com 5 mesinhos apenas e já vais ter de enfrentar o mundo. Quando fores para a universidade já estarás na escola há quase 20 anos... É uma vida. E depois as doenças que se pegam facilmente, as constipações, as famosas bronquiolites... Oh, que fazer? Não conheço ninguém que possa ficar contigo e em quem eu confie como em mim própria. Mas é isso ou a mãe despedir-se para ficar em casa contigo mas depois como é que pagamos as contas? E o psiquiatra quando a mãe der em doida contigo em casa o dia inteiro sem conviver com adultos? Não, está decidido, inscrição no colégio mal descobrimos que eras uma rapariga. E depois logo se vê se te dás bem ou se temos de mudar de estratégia. Ou como ouvi uma vez num filme "Nothing is certain but death and taxes" (Meet Joe Black mais propriamente).
Nasceste! E agora, damos-te chucha ou é melhor não? Não quero que te habitues demasiado à ideia porque não quero que venhas a ser uma daquelas crianças de 5 anos ainda de chucha na boca e com os dentes todos tortos. Mas se choras vamos fazer o quê? Tens de te entreter com alguma coisa. Pelo menos para ajudar a adormecer. O pai punha-te a chucha na boca e eu tirava. Acho que resultou, pelo menos só a usas para dormir mesmo.
A meia-hora que separou o escritório do colégio (mais do que o normal porque apanhei um acidente) deu para pensar em tudo, inclusive se teríamos feito a melhor opção quanto à escola. Vê-se tanta coisa e ouve-se tanta coisa que nunca sabemos se fizemos as escolhas certas. E se a cama ou o carrinho ainda é como o outro, há coisas que marcam mais e são muito mais importantes. Doenças ainda nunca tiveste nada desde que foste para a escola. A única bronquiolite ainda estavas em casa com a mãe, logo aqui a regra não se aplica a ti ainda, deixa chegar o Inverno e logo vemos se és ou não resistente. O que é certo é que fiquei a reflectir em tudo e apesar de não ter nenhuma razão de queixa da escolha que fiz, sei lá, nunca se sabe não é? Cheguei ao colégio e ela lá estava, junto da auxiliar preferida, a brincar, bem disposta como sempre, a rir-se para mim mas ao mesmo tempo a não querer largá-la a ela. Esticou-me os braços, peguei-lhe mas continuei a falar com a amiga sobre o dia dela, que tinha estado bem melhor que no dia anterior, que já era a Filipa que nós conhecemos, o primeiro dia de "aulas" depois das férias tinha sido de reconhecimento mas que já estava perfeitamente integrada e nisto ela começou a choramingar e a querer voltar para o colo dela. E eu deixei-a ir, naturalmente. E o sorriso de contentamento naquela carinha de oito meses e o brilho nos olhos da sua agora "segunda mãe" (para além dos mimos evidentes que lhe dá), fizeram-me ter a certeza que tinha feito a escolha certa. Espero que todas vocês consigam ter a mesma sensação, deixem os vossos filhos onde deixarem! Acho que é isso que prova se tomaram ou não a decisão acertada.
Qualquer dia estou a decidir entre escola pública ou colégio... É que o tempo passa a correr e vem sempre cheio de decisões. Já não bastava ter de decidir o que vestir de manhã, agora tenho de decidir a vida de outra pessoa que depende de mim. É o preço a pagar para ver aquele sorriso lindo e malandro todas as manhãs!
(Cadeiras... Isofix ou não Isofix, virada para trás ou virada para a frente. Ela já bate com os pés no banco e está farta de andar virada para trás mas ainda não tem os 9 quilos mínimos para ir virada para a frente... decisões, decisões, decisões...)
E aquilo em que fui para casa a pensar foi que desde que os filhos nascem... Desde que nascem? Bolas, muito antes de nascerem, somos assolados com uma série de decisões que temos de tomar. São umas atrás das outras, escolhas e decisões, decisões e escolhas que não vão parar nunca a vida toda.
Bem, a primeira começa logo em ter ou não ter filhos. Queremos ficar sem a nossa liberdade ou queremos aumentar a família porque já não estamos a caminhar para novos? E a ter, quando ter? E ter agora ou esperar mais um bocado? Mas esperar mais um bocado para quê? Se for à espera do euromilhões, já não havia crianças. Deixo de tomar a pílula este mês ou deixo só no próximo? Faço as contas e naquela altura não dá muito jeito, é melhor ser noutra (a primeira decisão saiu logo furada, ela nasceu precisamente na única altura do ano que eu não queria mas pensando bem acho que até foi melhor assim, esta é a melhor altura para ela ter os meses que tem.)
Olha, não estava nada à espera este mês mas deu positivo! E agora. Será rapaz ou rapariga? Isso não temos de decidir, já está decidido por nós. Mas e os nomes? Temos que decidir. Decidir o primeiro e decidir os outros. Bah, isso pode esperar para mais tarde. (Ambos foram decisões demoradas e complicadas. Não sei se a melhor se não mas agora já está. E é para toda a vida.)
E a ecografia, temos de ir fazer, e onde, bem, isso decidiu a médica que já estava decidida antes do projecto ser projecto. Boa, pelo menos é menos uma decisão a tomar. Pelo menos só temos que decidir o dia em que lá vamos. No dia da final da Liga dos Campeões? Sim, disse eu ainda meio nas nuvens... mas pensando bem NÃO, nem pensar, eu quero ver esse jogo, a criança pode esperar mais um dia (E o Porto ganhou e foi campeão europeu!).
E o carro, precisamos de um carrinho. Com 4 rodas ou 3 rodas? Os de 4 cabem melhor em qualquer carro. Os de 3 são bem mais confortáveis para os bebés mas não, nem pensar, é um monstro, nunca o vou conseguir enfiar no carro. Quero um pequeno, fácil de fechar e caber em todo o lado. São giros, e "estilosos" mas não dão jeito nenhum. Mas já agora, vamos experimentar, pagamos o mesmo. "Conduzimos" uns e outros. Afinal o de 3 cabia na mala do meu carro e havia de caber também na do pai, era bem mais fácil de manobrar. Mudei de ideias num ápice. Comprámos de 3. “Bué da” giro mas também “bué da” grande. Oferta dos avós maternos.
E a preparação para o parto? Se calhar convém ir fazer, não sei se ajuda muito mas pelo menos sempre me distraio com outras pessoas na mesma situação e já que tenho direito a sair mais cedo do trabalho por causa disso, olha aproveito para ir aprender umas coisas já que aprender nunca é de mais (há quem ache que é mas eu acho que não!). Feira dos bebés e mamãs na FIL (má decisão a menos que vos ofereçam convites, não tem nada de jeito para ver) e caiu do céu, olha, esta é mesmo ao lado de casa, nem procuro mais, é já aqui que me vou inscrever.
E agora precisamos de uma cama. Ou de um berço. Ou de uma alcofa. Sim, porque já ninguém põe os bebés em gavetas para dormir, pois não? Cama de grades é muito grande, não cabe no quarto dos pais. Tem de ser uma coisa mais pequena. Alcofa é pequena demais. Não me apetece gastar dinheiro numa coisa que dura dois meses e onde a criança não se consegue mexer, parece que está num caixãozinho. Berço parece-me o melhor, de preferência que dê para abanar e para estar fixo também que é para a criança não se habituar a estar sempre a ser abanada. Berço, está decidido, exactamente o oposto do primeiro que tínhamos pensado comprar. Escolhido por nós e oferta da avó paterna.
Esterilizador, também vamos precisar de esterilizar os biberões. Eléctrico, de micro-ondas, a frio? O que é que dá menos trabalho, é mais rápido e ocupa menos espaço e oh, que chatice, ainda por cima é mais barato? De micro-ondas, então de micro-ondas it is. (esta foi muito fácil).
Então e o hospital? Hospital privado ou hospital público? No público a assistência médica é melhor, não se paga um tostão, os equipamentos que eventualmente venham a ser necessários estão disponíveis, não corro o risco de ser recambiada de ambulância para outro se alguma coisa der para o torto. Por outro lado tenho de partilhar o quarto com não sei quantas pessoas que não conheço de lado nenhum, ouvem-se histórias terríveis de enfermeiras que não nos ligam nenhuma e se me deixam para lá sozinha e abandonada. O que decidir? Sou bicho-do-mato mas tenho boa resistência à dor. Além de que me irrita solenemente ter de pagar para ter um filho com tanto que já me levam no IRS. Não, comigo não vão ganhar nada, é público e mais nada. E hei-de usar tudo a que tenho direito. Não me arrependo minimamente. Também escolhi um dos públicos com mais e melhor fama de maternidade que por sorte é o da minha área de residência, preterindo um parto com a minha própria médica. Não teria sido mais bem tratada se estivesse num hotel-hospital, tenho a certeza. (bem, excepto uma certa auxiliar mal disposta, talvez). E quanto à parte do abandono, I wish... era medir a tensão de 4 em 4 horas se não menos e verificar se estava tudo bem e uma enfermeira simpatiquérrima a vir perguntar se eu queria que ficasse com o bebé de noite para eu dormir (não sei o teu nome mas adoro-te!), falta de acompanhamento foi coisa que nunca tive. Bendito HGO! Até das urgências só posso dizer bem, não sei como são as outras mas a de Obstetrícia funciona lindamente.
Hum, é uma menina, e agora, temos montes de roupas azuis e neutras, se calhar é melhor comprar algumas cor-de-rosa. Grandes ou pequenas? Bodies de enfiar pela cabeça ou de traçar? Mais quentes ou menos quentes? É Inverno mas no hospital está sempre calor. O ecografista diz que tens o fémur grande, deves vir a ser alta. Mas ao mesmo tempo não vais nascer nenhum pote certamente, nenhum dos pais é pote. Também não deves ser muito pequena porque nós também não somos propriamente pequenos. E já que é menina, convém decidir o nome. Ora gaita, porque é que não és menino? Assim já estava decidido, agora vai demorar mais tempo. Bolas, mais uma decisão para tomar.
Olha agora congelam-se as células do cordão umbilical para poderem ser usadas mais tarde se tiveres alguma doença. Doença? Não quero pensar nisso mas e se acontecer e eu pudesse ter feito alguma coisa para evitar. Vou arrepender-me de ter tido essa possibilidade e de não a ter aproveitado. Mas células congeladas na Bélgica? E se alguém se lembra de começar a fazer umas quantas Filipas por aí? E se daqui a uns anos tu te cruzas com uma igual a ti, vais achar que te separei da tua gémea à nascença. Ok. Ando a ver muitos filmes. O ideal é que isto seja dinheiro jogado ao lixo e que nunca tenhas nenhuma doença. Mas se tiveres, pode ser que assim te cures. Olha, o melhor é mandar vir o tal do kit e não pensar mais nisso. Mais uma prenda dos avós maternos.
E quando acabar a licença da mãe, onde é que vais ficar? Os pais têm de ir trabalhar e não podem ficar contigo. Colégio parece ser a única opção lógica e possível. Avós nem pensar mesmo que pudesse ser. Mimos a mais fazem mal. Eu até posso encher-te de beijos o dia inteiro se me apetecer (e encho) mas isso sou eu que sou mãe! Colos a mais fazem mal, depois quem não dorme sou eu. Empregadas em casa, nem pensar. Já lá vai o tempo. Sim, eu até posso ter sido criada meio assim mas foi há 30 anos. Os tempos eram completamente diferentes e os avós não trabalhavam. Amas não conheço nenhuma, logo não confio em nenhuma. Só se ouvem histórias tristes com amas e não me apetece ter de andar a pôr câmaras para filmar uma pessoa a bater na minha filha. Aliás, a única pessoa em quem confio para além de mim mesma é em pessoas especializadas para tal função. As casas são um perigo, a começar pelas nossas, não estarás melhor num sítio preparado para ti, com meninos da tua idade, para que possas aprender desde cedo a conviver e partilhar e que se estimulem mutuamente, com educadoras que não fazem mais nada o dia inteiro a não ser tratar de ti (e não têm de fazer almoço e jantar nem limpar a casa, nem lavar roupa nem passar a ferro?). Parece-me que sim. Mas vais ser tão pequenina ainda, com 5 mesinhos apenas e já vais ter de enfrentar o mundo. Quando fores para a universidade já estarás na escola há quase 20 anos... É uma vida. E depois as doenças que se pegam facilmente, as constipações, as famosas bronquiolites... Oh, que fazer? Não conheço ninguém que possa ficar contigo e em quem eu confie como em mim própria. Mas é isso ou a mãe despedir-se para ficar em casa contigo mas depois como é que pagamos as contas? E o psiquiatra quando a mãe der em doida contigo em casa o dia inteiro sem conviver com adultos? Não, está decidido, inscrição no colégio mal descobrimos que eras uma rapariga. E depois logo se vê se te dás bem ou se temos de mudar de estratégia. Ou como ouvi uma vez num filme "Nothing is certain but death and taxes" (Meet Joe Black mais propriamente).
Nasceste! E agora, damos-te chucha ou é melhor não? Não quero que te habitues demasiado à ideia porque não quero que venhas a ser uma daquelas crianças de 5 anos ainda de chucha na boca e com os dentes todos tortos. Mas se choras vamos fazer o quê? Tens de te entreter com alguma coisa. Pelo menos para ajudar a adormecer. O pai punha-te a chucha na boca e eu tirava. Acho que resultou, pelo menos só a usas para dormir mesmo.
A meia-hora que separou o escritório do colégio (mais do que o normal porque apanhei um acidente) deu para pensar em tudo, inclusive se teríamos feito a melhor opção quanto à escola. Vê-se tanta coisa e ouve-se tanta coisa que nunca sabemos se fizemos as escolhas certas. E se a cama ou o carrinho ainda é como o outro, há coisas que marcam mais e são muito mais importantes. Doenças ainda nunca tiveste nada desde que foste para a escola. A única bronquiolite ainda estavas em casa com a mãe, logo aqui a regra não se aplica a ti ainda, deixa chegar o Inverno e logo vemos se és ou não resistente. O que é certo é que fiquei a reflectir em tudo e apesar de não ter nenhuma razão de queixa da escolha que fiz, sei lá, nunca se sabe não é? Cheguei ao colégio e ela lá estava, junto da auxiliar preferida, a brincar, bem disposta como sempre, a rir-se para mim mas ao mesmo tempo a não querer largá-la a ela. Esticou-me os braços, peguei-lhe mas continuei a falar com a amiga sobre o dia dela, que tinha estado bem melhor que no dia anterior, que já era a Filipa que nós conhecemos, o primeiro dia de "aulas" depois das férias tinha sido de reconhecimento mas que já estava perfeitamente integrada e nisto ela começou a choramingar e a querer voltar para o colo dela. E eu deixei-a ir, naturalmente. E o sorriso de contentamento naquela carinha de oito meses e o brilho nos olhos da sua agora "segunda mãe" (para além dos mimos evidentes que lhe dá), fizeram-me ter a certeza que tinha feito a escolha certa. Espero que todas vocês consigam ter a mesma sensação, deixem os vossos filhos onde deixarem! Acho que é isso que prova se tomaram ou não a decisão acertada.
Qualquer dia estou a decidir entre escola pública ou colégio... É que o tempo passa a correr e vem sempre cheio de decisões. Já não bastava ter de decidir o que vestir de manhã, agora tenho de decidir a vida de outra pessoa que depende de mim. É o preço a pagar para ver aquele sorriso lindo e malandro todas as manhãs!
(Cadeiras... Isofix ou não Isofix, virada para trás ou virada para a frente. Ela já bate com os pés no banco e está farta de andar virada para trás mas ainda não tem os 9 quilos mínimos para ir virada para a frente... decisões, decisões, decisões...)
3 Comments:
Eu tenho 3 filhos, já passei por isso tudo (e na ultima gravidez da minha mulher até foi a dobrar), mas nunca tinha feito uma retrospectiva dessas, o que a gente passa.
Passa a vida a trabalhar.
E o que me chateia mais é que há dias em que me esqueço totalmente de mim.
Gosto de ler estas tuas reflexões...realmente muitas decisões importantes vêem anexadas ao acto de ter um filho! E daqui para a frente vai ser sempre assim...dilemas vs decisões.
ACho que o importante mesmo é ver-lhes o tal sorriso lindo para sabermos que não estamos a falhar...afinal tudo é decidido para os fazer felizes.
A Di também irá para a creche brevemente e sinto que é a melhor opção...espero que ela goste tanto e se adapta tão bem qto a Filipa :)
Olha quanto à cadeira porque não compras uma do grupo 0/1+ que dá desde o nascimento aos 18kgs e dá para andar voltada para trás. Assim acabarias com o stress dos 9kgs e a Filipa poderia esticar as pernitas...quanto a andar voltada para o banco podes pendurar uns bonecos ou um espelho para ela ir entretida ;)
bem este comentário está gigante mas não resisto a deixar-te uma pergunta...estás satisfeita com a cadeira de comer da Chicco? Reparei que compraram a Polly e como ando a pensar comprar uma resolvi perguntar. Se puderes diz qq coisa no meu blog ou manda um mail para dicanini@gmail.com
desculpa lá o abuso do comentário
beijinhos
Lipa & Di
Realmente, nunca tinha pensado nas coisas assim... Sempre fui mt prática e faço quase sempre a primeira coisa que me aperece na cabeça. Mas há umas mais sérias que têm q ser mais ponderadas. E outras já peço ajuda à minha filha (como o dilema do momento: natação sincronizada ou não?). Mas é sempre tão compensador!!! Ela diz sempre obrigada mamã!!! Só espero continuar a tomar as decisões certas.
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