10.2.04

To be or not to be

Fui para casa a pensar na "motivação". O que é que motiva alguém? Tem de existir sempre something to wish for ou melhor, to long for. Desculpem mas isto não tem tradução em Português. Quando era miúda, pensava sempre que a vida só tinha sentido se tivesse alguma coisa to long for, ou seja, um acontecimento, qualquer coisa, que me permitisse passar o resto dos dias a desejar que aquele dia chegasse porque depois aquele dia especial iria chegar e ia ser tudo bom. Hoje em dia continuo com o mesmo pensamento. Nem que seja as férias ou os fins-de-semana, ou um jantar combinado com alguém, ou um aniversário, tem de haver sempre alguma coisa que me deixa "à espera de".

Durante toda a vida, temos de ter sempre um objectivo, uma motivação. Qual é que é a minha? Ainda não a descobri. Tenho inveja, por muito feio que seja, das pessoas que sabem exactamente o que querem da vida. No plano racional eu não sei o que quero da minha (a história dos Ferraris e de Bora Bora é obviamente irracional, no mundo da fantasia) nem faço ideia daquilo que vou estar a fazer daqui a 10 anos. Nem sei o que vou estar a fazer nem faço ideia daquilo que gostaria de estar a fazer nessa vida daqui a 10 anos. Há quem conjugue as duas. Saiba o que quer e tenha a certeza que é isso que vai acontecer. Ora se eu não sei, como é que vou fazer por isso?

Só sei que não me dá prazer nenhum trabalhar sem motivação. E a motivação pode ser apenas uma palmadinha nas costas de vez em quando (onde é que eu já ouvi isto), ou um simples "bom trabalho". Um reconhecimento, no fundo. É o suficiente para a coisa funcionar. Sei o que não quero ou aquilo que não ambiciono. Não quero ser workaholic. Não quero descurar a família em privilégio do trabalho. Não quero chegar a directora de coisa nenhuma. Não quero a responsabilidade, as preocupações e os cabelos brancos que isso acarreta. Quero ser feliz mas isso já está muito batido, que falta de originalidade. But that is the question.