11.8.04

Instinto maternal

Zero, nicles, niente, nenhum. Não tenho mesmo. Cada vez me convenço mais disso.

Irritam-me as criancinhas que choram e berram e falam alto e são completamente inconvenientes. E nem o facto de estar grávida me impede de pensar isso portanto mais vale ser honesta e dizê-lo com frontalidade: tenho pouca paciência para putos estúpidos que não me conhecem de lado nenhum e se metem comigo com mania de serem muito engraçados.

Ontem no supermercado foi precisamente um desses gorilas que me apareceu à frente. Eu calmamente na fila atrás da avozinha super atrapalhada com o carro cheio. Ele, com os seus 6 anos, sem parar de falar e meter-se com as pessoas e dizer piadinhas sem graça nenhuma e quero isto e quero aquilo e dá-me e dá-me e dá-me. Estão a ver aqueles putos que acham que são engraçados mas que não têm mesmo ponta por onde se lhe pegue? Tal e qual. A avó lá reparou que o pacote de sal estava rebentado mesmo no momento em que as coisas dela já estavam em cima do tapete rolante e foi buscar outro.

Estive quase quase para passar à frente porque com as minhas 3 simples coisinhas tinha a certeza que me despachava ainda ela vinha a caminho com o pacote de sal. Mas deixei-me estar calmamente à espera de vez que eu cá sou de evitar conflitos e peixeiradas e cheirou-me que aquela senhora e respectiva cria em segunda geração eram desse género (não obstante o meu "estado de graça" supostamente me permitir passar à frente nas filas).

Não é que o anormal do puto aproveita a ausência da avó e resolve virar-se para mim e com o ar de puto estúpido arrogante mais puto estúpido arrogante deste mundo diz "não é preciso mexer no nosso carrinho pois não?" (coisa que aliás eu não tinha feito, para que conste!!). Se ele estava à espera de um sorriso tipo "ai que criancinha tão engraçada e espirituosa, ah, ah, ah" enganou-se redondamente. Lancei-lhe o meu olhar sério e fulminante nº 359, fixando-o bem nos olhos e sem esboçar o mais leve esgar no rosto que lhe permitisse continuar a ser idiota e irritante como só eles sabem ser.

Escusado será dizer que resultou, resulta sempre, estes putos estúpidos e mimados escolhem logo outra vítima assim que reparam que a primeira não resulta. O pior é que há quem lhes dê troco, consiga achar um mínimo de graça às parvoíces deles e lá continuam eles alegremente a pensar que têm futuro como comediantes. Pois nesta altura virou-se para a rapariga da caixa para dizer mais uma alarvidade qualquer mas ela também era das que não se deixam impressionar com as gracinhas das criancinhas com aspiração a Benny Hill e não lhe deu troco nenhum. Com ela sim é que troquei um sorriso cúmplice e bem entendedor do género "porque é que não pegam nestas criaturas todas e não as deixam numa ilha deserta à la Lord of the Flies (ok, admito que esta última parte a ela não lhe tenha ocorrido).

Ainda tive de estar à espera que a senhora arrumasse todas as suas compras nos sacos que previamente tinha arrumadinhos na mala para poupar os 2 cêntimos que custa cada saco (pronto, está bem, é mais ecológico) enquanto a criancinha falava insistentemente com a rapariga atrás da caixa "Como é que foste aí parar? Como é que foste aí parar? Como é que foste aí parar?" Ela nem ai nem ui. Boa para ela.

Se eu tiver um filho assim rifo-o.