5.12.04

Hospitais

Odeio
Detesto
Tenho pavor
Casa de ferreiro, espeto de pau
Quem sai aos seus... neste caso... degenera

E tudo o mais que se puderem lembrar.

Mas depois de ter passado 5 horas nas urgências do Garcia de Orta, pela primeira vez na minha vida, já não tenho tanto medo assim. Porque fui muito bem tratada desde o segurança à porta, à auxiliar que me indicou o caminho da Urgência Obstétrica, à recepcionista dessa urgência, ao castiço do enfermeiro, ao médico de serviço e até o trombudo do chefe que me apalpou a barriga e disse logo que ela continuava pélvica (como é que eles fazem isso???)

Já tinha ouvido dizer muito bem daquele hospital mas agora fiquei ainda mais bem impressionada por isso prefiro começar pela parte boa. Que me trataram bem, que esperei 5 minutos (é verdade, 5 minutos numa urgência de um hospital público!) para ser atendida pela enfermeiro a primeira vez (apesar de depois ter esperado mais pelo médico e principalmente pelas análises que haveriam de confirmar as minhas suspeitas de infecção urinária). Mas se já estava tentada a que a Filipa nascesse lá, agora ainda estou mais. Desde que não me mandem para o Barreiro por falta de vaga como estava a acontecer a algumas grávidas ontem. Grávidas para parir como eles dizem, que não era o meu caso. Barreiro é que não, jamais, em tempo algum!

Mas voltando ao Garcia de Orta, depois de uma tarde de sábado com dores lancinantes de virem as lágrimas aos olhos e que ora vinham ora melhoravam e que já me faziam achar que estava novamente com uma cólica renal ou então que a rapariga estava de tal maneira atravessada que me estava a lixar completamente os rins, lá me rendi à evidência que tinha de fazer alguma coisa. Apesar de ter os benurons e os antibióticos todos à mão de semear, e das duas "médicas particulares" dado o meu estado, o caso era mais grave e eu precisava de saber que estava tudo bem com esta criança. E foi com muitas renitências que ao fim de 32 anos de vida, entrei, pela primeira vez, nas urgências de um hospital. Fiquei logo melhor. Deve ser psicológico mas as dores melhoraram substancialmente. E com a simpatia e as graçolas do pessoal, fiquei melhor ainda.

Entre 300 idas à casa de banho, 45 minutos ligada ao CTG a levar pontapés brutais da miúda, ao mesmo tempo que ouvia o que se passava na Quinta das Celebridades que uma das enfermeiras espreitava atentamente (devo ter mesmo apanhado uma noite com pouco movimento, apesar das cesarianas e da falta de vagas no bloco de partos), e dos "consegue fazer mais um bocadinho para este frasquinho" (ora não, é o que eu mais consigo agora!), até se passou tudo bastante bem. Saí de lá com a recomendação do médico para tomar o antibiótico que já levava e para beber 1,5 a 3 litros de água por dia e muitos sumos "compre daqueles grandes, do LIDL, fica barato e tudo... ooops, já estou a fazer publicidade" e para voltar a correr mal sentisse dores novamente ou algum dos sintomas que anunciam o parto.

E não paguei um tostão. Eu que até pensava que ia pagar uma qualquer taxa moderadora, eu que até tenho seguro de saúde e não me importava de contribuir minimamente para aquilo que gastaram comigo, as análises que fiz, aquele tempo todo que gastaram, nem que fosse para o papel do CTG! Fazia sentido não fazia? Só se ouvem é queixas do serviço de saúde mas se cobrassem qualquer coisa a quem pode pagar não era melhor para quem não pode? (como a outra que estava lá a dizer ao médico que tinha 5 filhos ao que ele respondeu "se já tem 5 filhos é porque há alguma coisa que anda a fazer mal"). Ou será que ainda me vão mandar a conta para casa?