18.7.05

Em defesa da margem sul

Olá Matilde que eu não conheço mas achei que me devia explicar melhor. Eu não me estou a queixar da margem sul, muito pelo contrário. Nem ninguém me convenceu a ir morar para lá, fui porque quis. Morei a vida inteira na margem norte e agora que lá estou há 3 anos não trocava aquilo por nada e mesmo quando foi para mudar de casa dei sempre prioridade a manter-me daquele lado (até independentemente dos preços exorbitantes pedidos aqui por casas que não valem metade da minha). Nem sequer a ponte me assusta, desde que se saiba os truques certos e os atalhos mais curtos. A foto foi tirada em movimento, os carros estavam a andar e até muito bem nesse dia, eu é que fotografo enquanto conduzo, maravilhas modernas das máquinas digitais! E depois quem é que pára em cima da ponte? Só se houver algum acidente, que também já apanhei, mas é muito raro e pode acontecer em qualquer sítio.

Hoje em dia demoro meia-hora para chegar ao trabalho. E aposto que demorava mais tempo a chegar e a voltar se morasse no centro de Lisboa. Já para não falar na qualidade de vida, de ambiente, de ar puro, de estar a 5m de um dos maiores centros comerciais do país (que dá mesmo muito jeito). Já para não falar também de que adoro conduzir e detesto transportes públicos. Sim, a gasolina está cada vez mais cara. Mas é o preço a pagar por um mínimo de conforto que os transportes não têm, vir a ouvir o "meu" Pedro Ribeiro e pelo facto de ir de porta-a-porta num instante. De transportes teria de apanhar pelo menos uns 3 e era capaz de demorar bem mais de uma hora. Não obrigada. E mesmo não gostando de praia por aí além (ok, também não odeio assim tanto mas naquele dia estava danada) é reconfortante saber que ela está ali ao lado e que não demoro duas horas para lá chegar se me apetecer lá ir (e outras duas ou mais para voltar que era o que me acontecia quando morava cá deste lado)!

Não tenho problemas de estacionamento e trabalho relativamente perto da saída da ponte. Não apanho semáforos nem nada. Por isso, mesmo que ganhe o euro milhões, não vou morar para o centro de Lisboa, nunca, jamais, em tempo algum (só se andasse de helicóptero e mesmo assim, não me parece!). Nasci em Lisboa, adoro a minha cidade mas esta confusão já me diz pouco. Por todo o lado há obras e obras e obras e semáforos e semáforos e semáforos e trânsito e trânsito e trânsito e poluição e poluição e poluição. Já chega, prefiro que a minha filha cresça num sítio menos... povoado, digamos assim. Com a escola perto de casa, com um mínimo de espaço verde à volta, com lugar para estacionar quando vamos ao pediatra!

Portanto a escolha foi consciente. Gostos não se discutem mas é só para saberes que ali não se está nada mal! E quando eu fotografo a ponte, é mesmo porque adoro a imponência daquela ponte, não para me queixar de ter de passar lá todos os dias. Fica bem!

5 Comments:

Blogger Firehawk said...

Olá...ainda bem que eu continuo a aqui deixar a minha opinião... espero que faças o mesmo no meu que é coisa que não tenho visto! mas este artigo é decididamente o mais anti susana que eu conheço. Lamento informar mas não acho que a outra margem tenha assim tanta qualidade de vida. É tudo a duzentos quilómetros de distância, sem nada interessante por perto: cinemas, tatros, etc... a ponte lamento, mas não leva 30 minutos a ser ultrapassada...tenho tido algumas experiências recentemente e na melhor das hipóteses demorei 50 minutos. Tenho que te dizer que os teus 30 são decididamente estranhos, mas tudo se consegue quando se tem um porche (LOL)!
Sei que para o sossego, chegaste definitivamente ao local pretendido. Realmente isso é. Mas para mim falta a vida. O mexido. As pessoas. E poluição...essa está em todo o lado! Seja em que lado for...ou achas que a margem sul escapa a esse flagelo.
Claro que tens aquela vantagem de estares pertissimo das praias (que inveja!!!!!!!) mas não se pode ter tudo.
mas não elogies assim tanto a margem sul. Viva é o centro de Lisboa! (como alfacinha convicto que sou!)

1:31 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Olá Susana!

Na margem Sul, a vida humana, na sua especificidade e diversidade, está recheada de escassos exemplos de sustentabilidade, possivelmente devido ao facto de o “elogio da urbanidade” ter transformado o viver no meio, outrora, rural num resquício do passado, uma curiosidade tradicional para os citadinos agora se instalarem, na sua justa procura de “ar puro” e de paisagem naturais (ou semi-naturais). Também no seu próprio interesse, se justifica a alteração deste estado de coisas.
As consequências nefastas de tal tendência são cada vez mais evidentes, tanto ao nível da qualidade da vida urbanada e da arquitectura, como ao nível das comunidades humanas que habitam esta zona. O seu prosseguimento contraria qualquer perspectiva de desenvolvimento sustentável a nível local, regional e nacional, pelo que, não só deve ser contrariada, como deve ser substituída por tendências de sentido claramente contrário.
Tal como dizes "gostos não se disctem" mas certamente educam-se!
Fica bem...

Matilde

2:31 da tarde  
Blogger morgy said...

É realmente dificil tentar explicar a alguém que sempre viveu e continua a viver dentro da cidade que a qualidade de vida do outro lado do tejo é superior à que se vive em lisboa. Obviamente que gostos não se discutem e para aqueles que não podem viver sem ficar parado no trânsito, respiram dioxido de carbono e para onde quer que vão demoram horas para lá chegar, para esses nenhum local bate lisboa.
Para quem é importante o silêncio em vez do barulho de carros, o verde em vez do preto do alcatrão, o ter sempre lugar para estacionar, o ter parques infantis em todos os bairros, bons cinemas perto (ex. Freeport e Forum Almada), ir às compras e ver bicicletas sem cadeado paradas à porta, chegar a casa às 19h e ir andar de bicicleta na ciclovia que está à porta de casa... para esses a qualidade de vida é definitavamente superior do lado sul. Enfim ainda não conheci ninguém que se tivesse arrependido de mudar para a margem sul. E eu de cada vez que venho a lisboa cada vez gosto menos dela...

5:11 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Sim, têm toda a razão. Almada, Barreiro, Cacilhas, Costa da Caparica, enfim, os exemplos de qualidade de vida são esmagadores na qualidade e quantidade. Por favor, respeito a fuga à cidade, ou não fosse eu próprio um suburbano assumido. A relação preço-qualidade das casas fora de Lisboa é absurdo, culpa do especulativo (para não dizer outra coisa) mercado imobiliário. E a confusão da cidade é cada vez menos sedutora. É boa para visitar mas não para lá passar 24 horas.
Existem casos de excepção em ambas as margens do Tejo, raros, mas existem, a questão é procurá-los. Agora fazer disto uma questão Margem Norte-Margem Sul seria generalizar e, como costumo dizer, generalizar é mentir.
Lisboa é uma cidade cada vez mais feia (ou menos bonita, se se preferir), mas o resto do país não está melhor. Não há planeamento urbanístico, paisagístico, nem sequer lógica. Mas podemos sempre tentar encontrar o nosso ninho. Seja lá onde for, o importante é mesmo que se goste dele.

9:10 da tarde  
Blogger João said...

Ainda nem li bem estes posts... mas só quero dizer que estás a ficar perigosa...
É que em meia dúzia de 'posts' é o segundo que encontro em que tiras fotografias... em andamento!!!
Cuidado contigo!

3:06 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home