15.1.04

Honey I'm home

São 18h30 de uma 5ª feira de Janeiro e chove torrencialmente.

Acabo de entrar no carro e receio que esta vá ser uma viagem longa. 35 kms me separam do meu destino e dos braços do meu amor. Estou a ficar perita em escrever no pára-arranca. Já não dispenso o papel e caneta nestas viagens diárias. Porquê desperdiçar as horas que passo sozinha sentada no carro? Pelo menos assim faço alguma coisa útil. Útil para mim, claro, porque a mão até estava destreinada por agora raramente pegar numa caneta. A culpa é dos computadores.

Acho que é aqui que tenho as minhas melhores ideias e pensamentos. Aqui e no duche, com a vantagem de que aqui estou acordada e no duche nem por isso. Só "acordo" lá pelas 11h. Até aí sou um zombie parecido comigo e nada mais.

Continuo a viagem. Passaram pouco mais de 15 minutos e com uns quantos truques dignos de qualquer Português que se preze, mestre na arte do desenrascanço, estou bem mais perto da casa da Chegada do que seria de supor. Eu não era assim. Juro. Mas a necessidade aguçou-me o engenho. Era isso ou perder a minha sanidade mental todos os dias. Optei pela 1ª. E não me arrependo. O mundo é dos espertos.

Até já consigo escrever sem tirar os olhos da estrada. Desde que depois perceba a letra, tudo bem. Tenho muito mais papel para gastar. Passar o Tejo à noite é uma sensação mágica. Nunca deixo de abrir bem os olhos para apreciar devidamente a vista cá de cima. Adoro ver as luzes nas duas margens e testemunhar a imponência de uma ponte que continua a ser a ponte sobre o Tejo.

Margem Sul. Vou com 25 minutos de caminho e assim está a passar muito mais depressa. 4ª folha do bloco improvisado com papel de rascunho, como boa cidadã ecológica. A esferográfica é do Hotel onde passei a minha lua-de-mel há pouco mais de 3 meses. Um dia destes hei-de escrever sobre esses 15 dias inesquecíveis. De certeza que esta caneta me dá sorte.

Oooops. Abençoado seja o inventor do ABS. Mas a culpa nem foi minha. Por acaso agora até nem ia a escrever.

Notícias das 19h. O som está péssimo. Remind me again porque é que eu oiço este posto...? Ah, por causa das notícias de trânsito. E por falar nele, aqui que nunca está trânsito, hoje está tudo parado. Quando chove parece que ninguém sabe conduzir. Devia haver aulas de condução obrigatórias à chuva. Talvez se evitassem depois alguns acidentes. Eu fiz o meu exame de condução precisamente a chover e nunca me atrapalhei. Agora já só páro em casa.

Afinal não. Faltava o semáforo. Vou com 40 minutos de viagem e afinal não vai ser assim tão longa como eu pensava. Vou deixar de escrever porque aqui finalmente posso acelerar um bocado e compensar as filas de há pouco.

São 19h25 de uma 5ª feira de Janeiro e chove torrencialmente.