17.2.04

Tudo isto é triste, tudo isto é fado

Há pessoas que me tiram do sério. E esta é uma delas. Com as suas reacções, com as suas explosões, com as suas "estupidezes" é muito forte? É o que me ocorre. Também há dias piores em que por muito que esforce as células cinzentas, não me consigo nem abstrair nem deixar de ouvir. Infelizmente, pelo menos neste caso, não tenho uma daquelas capacidades de me abstrair de tudo o que me rodeia quando estou concentrada noutra coisa. Como quase todas as mulheres consigo fazer várias coisas ao mesmo tempo, ainda que não o deseje. Não deixo de ouvir tudo o que se passa à minha volta, sou mais do género antenas sempre em pé e bem alerta, mas por uma boa causa...

Às vezes invejo as pessoas que conseguem ficar de tal modo absortas que nada do que é dito ou feito mesmo ao lado, as afecta. Eu não sou assim. A mim afecta-me. Irrita-me solenemente. Quase que me provoca também uma reacção menos pensada. Mas o que é que eu tenho a ver com isto? Porque é que eu tenho de estar a ouvir isto? Que mal fiz eu ao mundo para ser literalmente obrigada a estar a par das desgraças dos outros, sem querer? É que não quero mesmo. Não, neste caso, nem a cusquice fala mais alto. Preferia mesmo ser poupada. Não é nada comigo mas até me envergonha fazer parte sem realmente fazer, de um esquema assim. Eu que faço tudo para passar despercebida e curto mesmo é o meu low profile, fico realmente em stress por estar perto de tal criatura nestes momentos de crua e dura estupidez. E só me apetece torcer-lhe o pescoço, mandá-la calar, gritar-lhe aos ouvidos "ó minha idiota, vai fazer peixeirada na rua, este não é o local certo para lavagens de roupa suja e esquemas de gente maluca. Há quem esteja a tentar trabalhar aqui, certo???"

Mas fico-me pelos pensamentos. A criatura nem sempre é assim (ultimamente é bastante assim!) mas tem os seus defeitos e virtudes como toda a gente (ou mais defeitos e menos virtudes mas isso é outra história e quem não tem nenhum que atire a primeira pedra). Mas dizer mal de pessoas que ninguém conhece (e que provavelmente até nem lhe fizeram mal nenhum mas isso já sou eu a especular) e meter crianças ao barulho e cenas de faca e alguidar, e mentiras descabidas que toda a gente topa que são mentiras, e telefonemas e telefonemas, e telefonemas, e telefonemas, e telefonemas... (e fico por aqui apenas porque estou farta de escrever a palavra telefonemas).

Faz um favor a ti própria, dá-te ao respeito, não entres em cambalachos, vive a tua vida, não precisas de ninguém que só te atrasa e puxa para baixo, vais acabar por ficar no fundo do poço como aqueles que tentas atabalhadoamente ajudar, quem sabe. Porquê? Não faço ideia, mistérios. O amor tem razões que a própria razão desconhece? Já nem sei se é esse o caso. Na verdade sei muito pouco e mesmo assim já sei bem mais do que queria. Só sei que isto não é uma feira e ameaças de morte soam muito mal ditas em voz alta para 40 pessoas ouvirem. Para mim essa foi a gota de água.

Já tinhas idade para ter juízo. Mas pelo pouco que conheço de ti, e pelo andar da carruagem, acho que vais ser eternamente criança. E eternamente fazer asneiras. E a certa altura, já ninguém te vai conseguir ajudar. Onde quer que andes metida, sai enquanto é tempo. Se esse é o teu fado, é um fado muito triste.