19.4.04

"A casa da aldeia" ou "Há fins-de-semana em que não se devia sair da nossa casa"



Esta é a casa da aldeia. Não a minha que eu cá não tenho aldeia mas a do meu esposo. Ou melhor, do pai. Ou melhor ainda, da avó. Fica numa terra que nem sei se vem no mapa mas que supostamente ninguém conhece porque me perguntam sempre "monte? mas que monte? monte no Alentejo?". Pois eu já a conheço há muito mais tempo que o conheço a ele. Ainda dizem que não há coincidências, mas entre todas as aldeias perdidas no mapa deste nosso Portugal profundo logo a da avó dele e a dos avós de uma das minhas mais antigas e queridas amigas, havia de ser a mesma.

Sábado pusemo-nos ao caminho. Tarde, como sempre. Os fins-de-semana não se fizeram para acordar cedo e os 120 kms de caminho também não puxam para sair muito cedo. Com o frio de rachar que eu já estava a antever que lá estivesse, também não valia a pena ir muito cedo. A 1 km do destino...
Ele: Trouxeste a chave?
Eu: Não, tu trouxeste?
Ele: Não

Boa, começámos bem. Felizmente, nestes sítios, todos são primos de todos e há sempre uma chave a mais em casa de alguém. Lá a fomos buscar. Chegados à porta da casa quem é que dizia que ela abria? Falta de WD40 (acho que é assim que se diz), diz ele. Muitos abanões, murros e pensamentos de vamos-mas-é-dormir-a-Lisboa-outra-vez depois, eis que a porta lá nos fez a vontade.

Jantámos fantasticamente bem na Nazaré, num restaurante a que certamente voltaremos porque o marisco e o peixe são um espectáculo e na manhã seguinte... "ups, esqueci-me das toalhas de banho. Bolas, eu sabia que me faltava qualquer coisa (by the way, não há dia nenhum que eu saia para algum lado sem a sensação de que me estou a esquecer de alguma coisa, por isso é que já estou a fazer a lista de viagem para as férias daqui a 13 dias!)". Há toalhas lá em cima no quarto diz ele... fui abrir a gaveta à procura mas fiquei logo anestesiada com o cheiro a naftalina. "Nem penses que me vou limpar a uma toalha a cheirar a naftalina, caio já para o lado". Vai de lençóis da cama (que por acaso até nem limpavam mal!). Eram mesmo para trazer para baixo para lavar!

Ao mesmo tempo, voltaram os sintomas de há 2 meses atrás e pimba, soube logo o que ia acontecer. Não sei para que é que passei os últimos 2 meses a beber 2 litros de água por dia. Se era para voltar ao mesmo, mais valia estar sugadita e não criar sapos no estômago. Mas não, o raios parta da água até me tem sabido bem, até já estou habituada, mas pelos vistos para este efeito ajuda tanto como coisa nenhuma. Tomei o único comprimido que tinha comigo (algum bem havia de fazer e por acaso até fez), e vá de vir por aí abaixo à procura do antibiótico salvador. No total, nem 24 horas lá estivemos. Valeu pelos limões que apanhámos e por ter visto o Dioguito (o filhote da tal minha amiga) que está enorme e lindo... gosto tanto de apanhar limões, não me perguntem porquê!

Hoje estou ligeiramente melhor que ontem mas ainda não capaz de passar 8 horas num escritório a ir à WC de 5 em 5 minutos (ontem era mais de 5 em 5 segundos). Isto parece conversa de m**** mas não é. Logo a primeira coisa que a "minha" médica me perguntou foi "Tens bebido água?". E como tenho, presumo que se não tivesse, ainda me estaria a sentir pior.

Para ajudar à festa, hoje nem pude ficar a dormir porque tinha cá gente a ver as obras que vão ter de fazer na nossa ausência (daqui a 13 dias, quando formos de férias :-). Digam lá se não há mesmo dias em que não valia a pena sair de casa.