26.2.04

Deixa-me rir

Não gosto de política mas fui ver uma peça que não fala de outra coisa. Claro que era uma comédia. Claro que esta é a única maneira de conseguir aguentar sentada 3 horas no desconforto do Villaret (apesar da música dos Xutos). Gostei muito. Ri-me muito. Não querendo ser confundida com uma puritana chata que não sou, acho que os palavrões gratuitos eram por vezes dispensáveis. Não acho piada nenhuma às comédias feitas exclusivamente à base de asneiras que fazem vibrar as audiências juvenis. O filme pode ser a maior trampa deste mundo e arredores mas se o actor- nulidade disser várias vezes seguidas “the F word”, é o delírio total, o público vai às lágrimas de tanto rir.

Mas também não é, felizmente, o caso. Tirando a Margarida Marinho que não sei porquê não me convence muito, gostei dos demais actores. Não estou habituada a ver o Virgílio Castelo a fazer papéis de parvinho mas a verdade é que se sai muito bem com o seu “Óscag Bgito”. E o DB, pois, por motivos óbvios, não fosse um fiel imitador de vozes alheias, conseguiu arrancar gargalhadas ao público.

Numa altura em que só se ouve falar de falta de apoios ao teatro e que ninguém vai ao teatro e as salas estão vazias e etc e tal, talvez fosse de reflectir um bocadinho porque é que o Villaret, onde tenho assistido às representações mais hilariantes dos últimos anos, está praticamente sempre esgotado. Terá alguma coisa a ver com a qualidade das peças e dos actores que por lá passam? Só tem a ver! Se a dupla António Feio / José Pedro Gomes , por vezes acompanhados por outros excelentes actores enchem salas, que tal se os velhos do Restelo que se queixam que não têm público, lhes seguissem o exemplo e deixassem de fazer coisas chatas e intragáveis que adormecem qualquer um? Talvez as pessoas voltassem ao teatro. Talvez, quem sabe...