26.3.04

O casamento

Fazemos amanhã 6 meses de casados. Oficialmente e de papel passado são só 6 meses mas a sério, a sério, já são mais uns quantos. Não gosto muito dessas comparações tipo "estes são os melhores anos da minha vida" por isso não a vou fazer. Cada altura tem os seus momentos melhores e piores e seria injusto para toda a gente compará-los. Digam o que disserem, toda a gente já passou por isso e, em várias ocasiões, com certeza achou que aquela era a única paixão da sua vida. E depois não foi. Não é falta de romantismo, é realismo, é ter os pés na terra e pensar com a cabeça e não com o coração. Mas casar (até prova em contrário) acho que é para sempre e só pretendo fazé-lo uma vez. Sei que se só casei agora foi porque achei que era mesmo com ele que queria casar. Apesar dele às vezes duvidar disso. Pode ser que agora deixe de o fazer.

Pois é, há poucos dias queixava-se a minha cara-metade que nunca falo dele no meu blog. E eu a pensar que ele preferia assim, vir cá espreitar de vez em quando mas ser poupado de olhares indiscretos e que as poucas referências que lhe faço de vez em quando (o meu respectivo, o meu amor, a minha cara metade) eram o suficiente. Mas pelos vistos ele quer mais. Depois deste é capaz de mudar de ideias e arrepender-se de me ter dito que tinha pena que eu nunca falasse dele. E vai pedir-me para não o voltar a fazer. E vai desejar que eu volte a falar do Porto e dessas coisas todas corriqueiras e pouco profundas de que costumo falar e que dão origem a comentários de pessoas que não conheço e das quais ele têm ciúmes. Vá lá saber-se porquê.

Daqui a pouco mais de uma semana ele faz anos. 29 para ser mais exacta porque se há um padrão na minha vida é que os homens mais novos são sempre mais apetecíveis. É Carneiro. Teimoso como uma mula como são habitualmente os carneiros, teimoso e cabeça dura. Consegue ser quase simultaneamente a pessoa mais meiga e mais bruta. Não o posso censurar, apesar de habitualmente o fazer, porque acho sinceramente que a culpa não é - toda - dele. Detenho nas minhas mãos (e no resto!) a possibilidade de lhe dar o presente que ele mais ambiciona: ser pai. E no entanto as outras prendas são bem mais fáceis de oferecer. E mais baratas, e menos trabalhosas de conseguir. Tenho a certeza que ele seria(á) um excelente pai e que tem tudo dentro dele para conseguir ser o melhor pai do mundo quanto mais não seja o desejo de fazer diferente do que lhe fizeram a ele. E tenho a certeza que vai ser capaz e que vai ser a maior alegria da vida dele. Suponho que da minha também.

E, no entanto... onde é que fica a liberdade e a independência e as idas repentinas ao cinema ao fim do dia e o "agora vamos jantar fora em vez de irmos para casa porque não me apetece fazer o jantar" e as nossas agora regulares idas à piscina onde eu faço 500m e ele faz quase 3 vezes mais e as férias num sítio qualquer decididas à pressão e hoje vamos jantar com os amigos e chegar às horas que nos apetecer e acordar ao meio-dia aos fins-de-semana depois de ver tv até tarde e não ter horários para nada a não ser para ir trabalhar e dormir e dormir e dormir e tudo e tudo e tudo? Onde é que isso fica? E a responsabilidade que tudo isso acarreta? E as despesas? E as mudanças logísticas que implica? E a nossa casa que não tem espaço físico?

É por isso tudo que não estou... mas ao mesmo tempo estou... e não estou... e estou... totalmente convencida. Aconteça o que acontecer, amo-te ainda mais do que há 6 meses. Parabéns.