Se me perguntarem se me considero materialista, respondo de caras que não. Mas a verdade é que há uma série de coisas que me
fazem falta, ou melhor, que me
davam jeito. Não é que não seja feliz sem elas, claro que sou, mas acho que seria ainda mais feliz com elas.
Ok, o dinheiro não traz felicidade. Mas ajuda muito. E compra muitos momentos de felicidade, ainda que, passe o pleonasmo, momentâneos. Uma viagem de sonho a Bora Bora, um casarão com piscina, um Ferrari novinho em folha :-)
Mas não compra saúde dirão vocês. Mentira! Compra sim. Compra medicamentos, paga operações, permite fazer tratamentos complicados em Cuba... se o dinheiro não comprasse saúde, porque é que a TVI passaria metade do seu tempo a mostrar criancinhas de Freixo de Espada-à-Cinta com doenças raras e pais chorosos e desempregados, sem condições para pagar aos seus filhos o tratamento de que necessitam para sobreviver naquela vida de miséria que levam e provavelmente vão levar sempre? Porque é que a televisão não faz reportagens sobre a família Teles da Cunha, moradora numa vivenda no Restelo ou num apartamento na Lapa e que passa férias na neve e nas Seychelles? Porquê? Têm menos doenças esquisitas e raras? Talvez não. Não precisam é de mendigar em frente das Câmaras para as poder curar.
Ainda acham que o dinheiro não traz saúde? Em algumas situações até pode trazer. E não ter de contar os trocos ao fim do mês? A sensação deve ser fantástica. Pura e simplesmente não ter de fazer contas de todo. Para quem, como eu, não morre de amores por números, esta seria uma das vantagens mais apetecíveis. Gastar como se não houvesse amanhã, sem pensar se é muito ou pouco e se no fim do mês ainda vai chegar para distribuir por aqueles mendigos que gostamos sempre de ajudar. A Sra. D. Electricidade, A Sra. D. Água, o Sr. Crédito Habitação, a Sra. D. Prestação do Carro, a Sra. D. PT já para não falar daqueles senhores todos do supermercado e afins. Sim, podemos não fazer mais nada mas comer temos sempre de comer.
Muito muito espaço em casa para espalhar as minhas tralhas todas. Uma sala gigante com um ecrã de fazer inveja a uns quantos cinemas, estantes cheias de livros e DVD's. Armários cheios de roupa já com os conjuntos todos prontos a vestir para não ter de pensar de manhã. Ténis de todas as cores, botas de todos os feitios. Viajar o ano inteiro, trabalhar só por prazer e naquilo que realmente dá gozo. Trocar de carro sempre que chegasse a altura da revisão (sem pensar que está a caminho dos 4 anos e que os problemas devem estar a aparecer aí à porta). Piscina interior e exterior, esplanada, jardim. Um ginásio na cave (pronto, ok, podia ser que assim me desse para isso, afinal teria tempo e vida para tudo). Viajar viajar viajar (já mencionei viajar?) conhecer o mundo inteiro, fazer inveja a todas as tias com bronzeados de solário com um bronzeado fantástico e verdadeiro todo o ano. Ter um monte de filhos (ok, 2 ou 3!) e ter todo o tempo do mundo para eles. E empregadas para os aturar quando não estivesse para aí virada. Encher o meu amor de presentes... e depois acordei. Não, para falar a verdade é mais...
e depois cheguei (sim, foi mais uma escrita a conduzir).
E agora, se me dão licença, vou jogar no totoloto.